Surf de Base 2025

Nova geração coroada

Último dia do Surf de Base 2025 define campeões brasileiros em altas ondas na Praia do Borete, em Porto de Galinhas (PE).

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O CBSurf Surf de Base 2025 chegou ao fim neste domingo (11) com o melhor dia de ondas de toda a janela de competição. A Praia do Borete presenteou atletas e público com um cenário digno de filme: mar liso, ondas abrindo, tubos, sol forte, vento terral e um clima de celebração que combinou perfeitamente com o Dia das Mães. Ao longo de nove dias e 241 baterias, o evento coroou oito novos campeões brasileiros da base e o estado campeão nacional, consolidando ainda mais o alto nível técnico da nova geração do surfe nacional.

A primeira final do dia começou às 07h com a categoriacom o Sub-12 Feminino, seguindo em ritmo intenso até a bateria Sub 18 Masculino. Ao todo, foram disputadas oito finais decisivas em um único dia. O clima de emoção e renovação marcou o encerramento do evento.

A competição é uma realização da Confederação Brasileira de Surf (CBSurf), em parceria com a Federação Pernambucana de Surf (FEPESurf), com patrocínio da Prefeitura de Ipojuca e da Secretaria Especial de Esportes de Ipojuca, com apoio do prefeito Carlos Santana e do secretário Deri Costa.

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Gui Lemos conquista título brasileiro no Sub 18

Em uma final eletrizante, Guilherme Lemos (RJ) virou a bateria com um aéreo de frontside, numa direita menor, mas muito bem aproveitada. A manobra, que vinha sendo trabalhada nos treinos, rendeu 6.73 pontos e o colocou diretamente na liderança, saindo da quarta colocação. O carioca já havia sido vice no Sub 16 em 2023 e carregava a expectativa de conquistar o título nacional em seu último ano como atleta da base.

“Foi uma vitória muito importante pra mim. Já bati na trave muitas vezes nesse título brasileiro. Nem sei explicar. Eu venho treinando muito. O aéreo de frontside era uma dificuldade minha. E consegui acertar ali um aéreo muito bom — talvez um dos melhores que já dei de frontside. Encerrando com chave de ouro”, destaca Guilherme.

Aysha conquista bicampeonato consecutivo na Sub 18

Aysha Ratto (RJ) encerrou seu ciclo na base com mais um título impecável. A carioca venceu a etapa única em Porto de Galinhas após uma campanha dominante: cinco baterias disputadas, quatro vitórias e uma segunda colocação — sem ar pela repescagem.

Na final, Aysha abriu forte com uma direita de duas manobras que rendeu 5.67. Com um 3.40 na sequência, liderou até os minutos finais, quando Alexia Monteiro (RS) ameaçou a liderança com uma nota 3.93, ficando a apenas 0.15 da virada. Assim, Aysha ficou com o maior somatório do dia no feminino e o título da Sub 18. Ao saber do resultado na areia, ela vibrou intensamente com a equipe do Rio de Janeiro.

“É incrível. Nem acredito que foi o meu último amador. É trabalho, muito trabalho. Graças a Deus, deu tudo certo aqui. Bicampeã! É uma felicidade que não acaba mais”, fala a surfista, que dedicou o título à mãe e ao primo falecido recentemente.

Yuri Gabryel voa alto para vencer Sub 16

Com o pé esquerdo fraturado e competindo sob infiltração, Yuri Gabryel (SC) protagonizou uma das histórias mais impressionantes do evento. A três minutos do fim da final da Sub-16, ele arriscou tudo em um dos voos mais altos da competição. O aéreo rendeu um 9.50 — a maior nota do dia e segunda maior do campeonato — e lhe deu a liderança.

“Eu sabia que o momento ia chegar. Chegou! Hoje, quando acordei, coloquei no meu celular: ‘Hoje é um grande dia’. E foi mesmo”, conta Yuri emocionado, após uma virada espetacular contra nomes fortes como Kalani Robles (SP) e Arthur Vilar (PB), que ficaram respectivamente em segundo e terceiro.

Carol Bastides leva bicampeonato Sub 16 

A paulista Carol Bastides (SP) confirmou seu alto nível e conquistou o bicampeonato da Sub 16 Feminino, em uma bateria marcada pelo equilíbrio técnico e emocional. O início do dia não foi dos melhores para Carol, que enfrentou dificuldades e perdeu na Sub 14. Depois encontrou seu surf em ondas de backside, o que foi essencial para virar a bateria na Sub 16 após começar perdendo.

“De manhã não fui muito bem, errei bastante. Mas tive que me recuperar rápido. Entrei com mais garra e vontade de não perder de novo. Meu técnico, Paulo Kid, falou: ‘Chora agora, mas vai sorrir depois’. E foi isso”, fala a atleta de apenas 13 anos, que ainda terá mais duas temporadas na categoria.

Vini Palma dá espetáculo e vence brasileiro Sub 14

Vini Palma (SP) transformou a final da Sub 14 Masculino em uma verdadeira exibição de gala. Em 25 minutos, entregou uma performance digna de cena final de filme de surfe. Aéreos, batidas na junção, combinação de manobras e até botou pra dentro de um tubo. Vini foi aumentando a nota a cada nova onda. Começou forte e foi subindo: 6.00, 6.03, 7.33 e, por fim, 8.00, somando impressionantes 15.33, o maior somatório do dia e segundo maior de todo o evento.

“Já fui vice duas vezes, mas sabia que minha hora ia chegar. E chegou agora do melhor jeito possível. Consegui mostrar meu surf, ganhei surfando bem, quebrando… estou amarradão”, expressa o paulista, após uma das atuações mais marcantes da competição.

Valentina Zanoni é campeã Sub 14

Valentina Zanoni (SE) mostrou controle, foco e boa leitura do mar para vencer a Sub 14 Feminino e conquistar seu primeiro título brasileiro. A bateria foi marcada por quatro nomes que vinham se destacando desde as fases anteriores. Valentina encontrou as melhores ondas e garantiu sua maior nota em uma direita de quatro manobras que veio na direção exata do seu posicionamento.

“Eu consegui me conectar. Pedi bastante pra vir essas ondas, e lá dentro veio direita, veio esquerda… Fiquei muito feliz de ter conseguido surfar e soltar meu surf. Esse é meu primeiro título brasileiro. Estou muito feliz. Era um dos meus principais objetivos para este ano. É um sentimento de meta concluída”, diz a campeã.

Narciso Inacio leva caneco da Sub 12 

Em uma final de altíssimo nível para a categoria Sub-12, Narciso Inacio (RN) roubou a cena com atitude e ótima leitura de onda. Após assumir a liderança com uma batida forte na junção (5.40), ele selou o título com o melhor tubo da competição. Entrou decidido e com olhar apurado andou lá dentro, na saída tomou uma cutucada do lip, mas saiu de braços abertos para comemorar. A nota 6.67 o levou direto ao topo do pódio.

“Esse é meu primeiro título brasileiro Sub 12 . Irado demais! Desde antes da minha bateria eu tava vendo aquelas ondas… Estavaa vindo uma sinistra! Quando vi aquela, falei: ‘Essa é minha oportunidade’. Dropei, botei pra dentro e peguei um tubaço”, relata Narciso.

Maria Clara Chuquer bicampeã Sub 12

A final da Sub-12 Feminino foi marcada por emoção e reviravoltas nos minutos finais. Maria Clara Chuquer (SP) liderou no início, mas viu Hanna Prado (PB) virar a bateria. A paulista respondeu com uma batida de backside bem executada, que lhe garantiu 4.37 e a retomada da liderança. A emoção aumentou quando Eloá Lima (CE), até então sem boas notas, marcou 6.0, a maior nota do dia no feminino, com uma forte batida na junção, assumindo a segunda colocação e ameaçando a vitória.

“Ah, é muito bom. Ainda mais que ano ado eu fui campeã, esse ano fui campeã, e ano que vem eu ainda sou Sub 12”, comemora Maria Clara.

São Paulo é campeão nacional por equipes

Um dos diferenciais mais especiais do CBSurf Surf de Base é a disputa por equipes, com os atletas representando seus estados com orgulho e espírito coletivo. Além da busca pelo título individual, cada ponto somado conta para o ranking estadual, o que torna cada bateria uma verdadeira batalha coletiva. As torcidas estaduais vibraram intensamente ao longo dos nove dias, com gritos, bandeiras e união entre atletas e técnicos — um reflexo claro da força do esporte de base no Brasil.

Com uma campanha consistente, São Paulo conquistou seu 18º título nacional por equipes, sendo o sétimo consecutivo sob o comando do técnico Marcio Fagnani “Cebola”. A equipe paulista mostrou novamente por que é referência, somando pontos em diversas categorias e com atletas chegando às finais em todas as divisões.

“Todo ano é uma batalha. Muita gente fala: ‘Ah, São Paulo já ganhou’… mas nunca tem nada ganho. A gente trabalha muito. Cada evento é uma história diferente. Lidamos com a natureza, que é imprevisível, e com atletas que já aram por verdadeiras peneiras até chegar aqui. Dou minha vida por esses atletas. Tudo é conquistado dentro d’água: com garra, com surf e com muita determinação”, declarou Marcio Cebola, técnico da equipe paulista.

Seletiva para Seleção Brasileira Júnior do Mundial da ISA 2026

Além da consagração dos campeões nacionais e estaduais, o CBSurf Surf de Base também é uma importante seletiva para o Mundial Júnior da ISA 2026. Os atletas que figuram entre os melhores ranqueados nas categorias Sub 16 e Sub 18, disputam não apenas o pódio, mas também uma vaga na Seleção Brasileira que representará o país no principal evento mundial de base.

No regulamento do Mundial dos anos anteriores, os três atletas mais bem colocados com idade para nessas categorias são elegíveis. Por isso, muitas das comemorações vistas neste domingo foram também pela expectativa de vestir a camisa do Brasil no Mundial Júnior da ISA.

Ainda assim, é importante reforçar que as vagas serão confirmadas oficialmente apenas após o anúncio oficial da CBSurf.

Resultados

Sub-18 Masculino

1º – Guilherme Lemos (RJ): 10.73
2º – Ryan Martins (SC): 9.43
3º – Kalani Robles (SP): 9.40
4º – Arthur Vilar (PB): 8.83

Sub 18 Feminino
1 Aysha Ratto (RJ)
2 Alexia Monteiro (RS)
3 Luara Mandelli (PR)
4 Gabriely Vasque [A] (PR)

Sub 16 Masculino
1 Yuri Gabryel (SC)
2 Kalani Robles (SP)
3 Arthur Vilar (PB)
4 Michel Demetrio (SC)

Sub 16 Feminino
1 Carol Bastides (SP)
2º – Maria Clara (RN)
3º – Julia Stefani [A] (SP)
4º – Giovanna Rocha [A] (SP)

Sub 14 Masculino
1 Vini Palma (SP)
2 Arthur Vilar (PB)
3 Phellipe Silva (RJ)
4 Matheus Jhones (SP)

Sub 14 Feminino
1 Valentina Zanoni (SE)
2 Julia Stefani [A] (SP)
3 Lulu Vivan (MA)
4 Carol Bastides (SP)

Sub 12 Masculino
1 Narciso Inacio (RN)
2 Matheus Jhones (SP)
3 Rafael Miranda [A] (SP)
4 Kaleb Henrique (ES)

Sub 12 Feminino
1 Maria Clara Chuquer (SP)
2 Eloá Lima (CE)
3 Hanna Prado (PB)
4 Maria Borges (RS)

*Os atletas com [A] são alternates e não pontuam para o ranking das federações estaduais.

Ranking final por equipes 

1º – São Paulo: 10.141 pts
2º – Rio de Janeiro: 8.338 pts
3º – Paraíba: 7.708 pts
4º – Santa Catarina: 7.671 pts
5º – Ceará: 6.814 pts
6º – Rio Grande do Sul: 6.526 pts
7º – Sergipe: 6.192 pts
8º – Rio Grande do Norte: 6.035 pts
9º – Paraná: 5.984 pts
10º – Pernambuco: 5.725 pts
11º – Espírito Santo: 5.703 pts
12º – Maranhão: 5.663 pts
13º – Bahia: 4.826 pts
14º – Alagoas: 3.810 pts
15º – Pará: 3.338 pts