O terceiro dia na Praia do Borete, em Porto de Galinhas, foi marcado por Rafael Venuto (CE) conquistando a primeira nota 10 do Dream Tour 2025 e ainda cravando o maior somatório da etapa, com 17.50 pontos. O dia também teve a recuperação do campeão brasileiro Douglas Silva (PE), que avançou na repescagem competindo em casa após uma estreia difícil na Fase 1. No feminino, Analu Silva, Sophia Gonçalves e Potira Castaman ficaram com os melhores somatórios da categoria em um dia de muita competitividade que concluiu a fase de repescagem no novo formato estreado neste ano.
O dia começou com condições complicadas. O mar apresentava mais energia, mas um forte vento maral apresentou um mar balançado nas primeiras baterias. Logo depois, a situação melhorou: o vento diminuiu, em alguns momentos virou terral, e as condições ficaram mais limpas com formação até melhor do que o dia anterior. Ainda que o número de notas altas tenha sido menor em relação aos dois primeiros dias, o nível técnico se manteve elevado — com um clímax absoluto no aéreo perfeito de Rafael Venuto.
O Dream Tour, realizado por CBSurf e promovido pela Dream Factory, tem Corona Cero como patrocinadora master unido aos patrocínios de Gerdau e Prefeitura de Ipojuca.
Rafael Venuto crava primeiro 10 da temporada do Dream Tour
Se no dia anterior Cauã Costa havia levantado o público com um full rotation de backside avaliado em 9.83 — até então a maior nota da etapa do Dream Tour em Porto de Galinhas —, desta vez foi a vez de Rafael Venuto (CE) subir o sarrafo. O cearense repetiu a receita: aéreo alto de backside com rotação completa, precisão cirúrgica e aterrissagem com o bico apontado para a areia.
Além da nota perfeita, Rafael somou 7.50 em sua segunda melhor onda, atingindo um total de 17.50 pontos — novo maior somatório do evento, superando os 16.40 de Cauã na terça-feira.
“É uma manobra de risco, você sai da onda voando, gira tudo no ar e tem que cair certinho. Tem que ter técnica mesmo. O full rotation de back é um aéreo que poucos têm. Esse tipo de manobra aparece mais no frontside, mas eu tenho esse dom de mandar no back também. É muito gratificante fazer isso num evento desse tamanho. Tô entre os 48 melhores do Brasil e tirar um 10 desse é pra guardar”, explica Rafael sobre a dificuldade e valorização da manobra.
Heró local Doulgas Silva confirma reação e avança
O atual campeão brasileiro Douglas Silva (PE) voltou ao ritmo das grandes vitórias ao vencer a primeira bateria do dia, garantindo sua classificação para a Fase 3. Após uma estreia difícil na terça-feira, marcada por pressão e expectativa, Dodô respondeu à altura do desafio e reencontrou o seu surf numa condição difícil que exigiu conhecimento do mar.
Com notas 6.17 e 4.10, somando 10.27 pontos, ele superou o paulista Gabriel André e manteve viva sua campanha na etapa que marca o início da defesa do seu título nacional.
“É difícil estrear como campeão brasileiro, ainda mais em casa. Todo mundo cria uma expectativa enorme… o na rua, vou no mercado, a galera quer saber como tá o campeonato. Ontem falei com meu pai, ele me lembrou que eu não tenho nada a provar pra ninguém. Eu já provei. Agora é surfar, me divertir. E foi isso que fiz hoje”, dia Dodô.
Analu Silva retorna ao Dream Tour com evolução no backside
Depois de participar da temporada 2023 aos 16 anos, Analu Silva (PB) voltou ao circuito nacional agora aos 18, com mais confiança e um surf mais completo — principalmente de backside, fundamento que tem sido um diferencial claro na sua evolução técnica.
Na repescagem, Analu teve uma atuação segura e eficiente para vencer Julia Duarte (RJ) com o somatório de 9.07 pontos (4.90 + 4.17). A paraibana mostrou calma e controle para trabalhar bem duas ondas-chave e garantir a vaga na Fase 3. Julia terminou com 5.50 e deu adeus à competição.
“Eu não acreditava no meu backside. Comecei a praticar e ele me mostrou que eu posso chegar lá. Treino bastante, gosto de ir pra academia, isso ajuda muito. O backside tá animal agora — e quero evoluir mais”, fala Analu.
O resultado confirma a evolução de uma das atletas promissoras da nova geração, que agora segue viva na etapa após ar pela repescagem.
Potira Castaman destaca mentalidade vencedora na repescagem
Na penúltima bateria do dia, Potira Castaman (SC) fez o maior somatório do dia devido à boa leitura de mar de quem ou o dia todo no palanque observando as ondas. Depois de cair para a repescagem, a catarinense voltou à água com foco total e encontrou as melhores ondas para vencer a disputa contra Gabriely Queiroz (CE). Com notas 5.17 e 4.33, somando 9.50 pontos, Potira garantiu o maior somatório do dia entre as mulheres. Também fez a maior nota da categoria, empatada com Kemilly Sampaio (SP).
Potira comentou sobre sua conexão com o pico e a escolha das ondas. “Essa onda aqui é como se fosse minha segunda casa… ou terceira, porque tem a Bahia também (risos). Eu observei bastante a maré, a movimentação das ondas, e consegui me conectar com o mar. Isso fez diferença na minha performance”.
Estreia da repescagem no Dream Tour e premiação dos atletas
O terceiro dia do Dream Tour 2025 marcou o encerramento da estreia do novo formato de repescagem, uma das grandes novidades da temporada. O novo formato do Dream Tour começa com baterias triplas na Fase 1, onde apenas o primeiro colocado avança direto para a Fase 3. Os outros dois atletas vão para a repescagem (Fase 2), disputada em baterias eliminatórias entre dois competidores.
Potira Castaman, que se classificou com o maior somatório feminino do dia, falou sobre a experiência. “Ontem eu fiquei bem triste de ter caído pra repescagem ao invés de ar de fase quando fiquei em segundo lugar. Mas também grata por ter essa segunda chance. Transformei essa raiva em vontade de surfar e dar o meu melhor. Esse formato aumenta o nível de entrega. Ou você a em primeiro, ou não a. Isso faz a gente dar o máximo e querer ser o primeiro nome sempre. No fim, achei bem legal.”
O circuito também reconhece e valoriza os atletas que, mesmo sem avançar, participam da etapa. Todos os surfistas eliminados na repescagem recebem R$ 3.000,00 de premiação, o que traz um e importante para quem investe em estar no circuito.
“Isso é de extrema importância, ainda mais porque a gente tá na elite nacional, né? É um circuito fechado, pros atletas classificados, então ter esse incentivo faz muita diferença. Ter essa premiação dá uma segurança de que, mesmo se não ar, dá pra cobrir uma parte dos custos como agem, inscrição, hospedagem”, afirma Sol Carrion, que foi eliminada na disputa com Isabelle Nalu (SC), resultado de 8.33 x 5.36.
Potira e Rafael levam prêmios da Mormaii
A Mormaii premiou nesta quinta-feira os atletas com os maiores somatórios do dia nas categorias masculina e feminina com um par de tênis Mormaii. No Mormaii High Score, a maior nota individual do dia levou um relógio da marca.