Douglas Silva e Laura Raupp são os grandes campeões da etapa de abertura do Dream Tour 2025, encerrada no último domingo (18) na Praia do Borete, Porto de Galinhas (PE). O atual campeão brasileiro venceu em casa diante de uma torcida histórica, fazendo história como primeiro pernambucano a conquistar uma etapa do circuito na própria terra. Já a catarinense Laura Raupp conquistou o bicampeonato da etapa ao superar Juliana dos Santos em um confronto entre a atual campeã brasileira e a vice-campeã, que se enfrentaram pela primeira vez em uma final do circuito.
O dia decisivo teve 14 baterias, das quartas de final até as grandes decisões das duas categorias, e entregou um verdadeiro espetáculo técnico e emocional. Com ondas de até 1,5 metro, vento relativamente estável e formação favorável ao longo da manhã, o cardápio do surf esteve completo: tubos, aéreos, manobras de borda, combos de manobras e ataques agressivos na junção fizeram parte do repertório apresentado. Foi o encerramento ideal para uma etapa que somou 94 baterias, 2.055 ondas surfadas e seis dias de performances marcantes na abertura do maior circuito nacional de surf do mundo.
O Dream Tour, realizado por CBSurf e promovido pela Dream Factory, tem Corona Cero como patrocinadora master unido aos patrocínios de Gerdau e Prefeitura de Ipojuca.
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Douglas Silva marca seu nomo como herói do surfe pernambucano
Douglas Silva protagonizou um dos momentos mais emocionantes da história recente do Dream Tour. A expectativa pela sua participação já era enorme — meses antes do evento, a comunidade do surfe local vibrava com a chance de ver Dodô estreando como campeão nacional no seu próprio pico. E ele não só competiu, como venceu. Com raça, leitura de mar, inteligência tática e muito surf, ele conquistou a vitória mais simbólica de sua carreira.
O caminho até o título foi marcado por viradas memoráveis. Nas quartas de final, contra Mateus Sena (RN), Dodô precisava de 7.54 pontos nos segundos finais quando encontrou um tubo limpo, completou com duas manobras fortes e cravou 8.00 pontos, virando a bateria no estouro do cronômetro e levando a torcida à loucura. Na semifinal, enfrentou Wesley Leite (SP), outro nome de peso do circuito. Começou atrás, mas reagiu com dois aéreos bem executados, marcando 6.03 e 7.17 para virar novamente e garantir vaga na final.
Na decisão contra Yagê Araújo (BA), Dodô foi dominante desde o início. Abriu com um aéreo alto, seguido de um layback na junção — combinação que lhe rendeu 8.50 pontos. Depois, somou um 5.77 com mais um aéreo e controlou o ritmo da bateria. Yagê ainda tentou reagir com um 6.00 vindo de um aéreo técnico, mas precisava fazer ainda melhor para virar. O momento decisivo veio a 10 minutos do fim, quando Yagê, sem prioridade, bloqueou a entrada do Dodô em uma onda. Com a penalidade, o baiano ou a contar apenas sua melhor nota, e a virada tornou-se matematicamente impossível. Mesmo assim, os dois seguiram na água oferecendo buscando os aéreos até o fim.
Quando a buzina final soou, a Praia do Borete explodiu. Antes mesmo de Douglas sair da água, a torcida invadiu o mar em festa. O grito de “é campeão” ecoava por toda a praia. Dodô foi carregado nos ombros, sem tocar os pés na areia, direto até a entrevista oficial — como manda a tradição. Emocionado, agradeceu a todos, quase sem palavras na entrevista: “Ficou em casa”, repetia, com orgulho e gratidão.
Ainda sem conseguir conter a emoção, ele declarou: “Me preparei muito para essa etapa, com muita fé. Estava focado, era meu sonho vencer em casa. E aconteceu. Não tem felicidade maior que essa não”.
Laura Raupp conquista bicampeonato em Porto de Galinhas e quebra invencibilidade de Julia dos Santos
Laura Raupp começou a temporada 2025 do Dream Tour da mesma forma que terminou a etapa de Porto de Galinhas no ano ado: vencendo. A catarinense de 19 anos superou a atual campeã brasileira Juliana dos Santos em uma final que colocou frente a frente as duas atletas que disputaram o título nacional de 2024 até a última bateria do ano. Foi a primeira vez que ambas se enfrentaram em uma final de Dream Tour, e o duelo teve todos os elementos de uma grande decisão. Juliana, tricampeã do circuito e invicta até então em finais do Dream Tour, enfrentava uma adversária que já havia vencido essa mesma etapa — e que chegava embalada.
Para chegar à final, Laura venceu Diana Cristina nas quartas de final, quando marcou 8.00 pontos, a maior nota do feminino no dia e a segunda maior de toda a competição feminina, ficando atrás apenas dos 8.33 de Silvana Lima na fase inicial. Na semifinal, reeditou a final do ano ado contra a própria Silvana Lima, em mais um capítulo do duelo de gerações que marca o Dream Tour: a juventude consistente de Laura frente à experiência e radicalidade da maior surfista da história do país.
A final foi extremamente equilibrada e terminou com empate técnico em 10.40 pontos para cada surfista. O critério de desempate — a maior nota individual — deu a vitória a Laura, que marcou 6.00 pontos em uma manobra forte na junção, em uma seção crítica da onda, numa linha muito semelhante ao estilo que consagrou Juliana. A campeã brasileira, por sua vez, havia feito sua melhor nota (5.50) também atacando a junção, com muito comprometimento e precisão.
As segundas notas também vieram de ondas muito bem surfadas: Laura somou 4.40 em um combo de três manobras conectadas; Juliana respondeu com 4.90 em uma linha igualmente fluida e técnica. Foi um confronto direto, decidido nos mínimos detalhes, e que confirmou a competitividade do surf feminino brasileiro.
“Ser bicampeã aqui é muito especial. Esse lugar fica no meu coração. Eu sinto que essa onda tem algo de Floripa, um pedacinho de casa no Nordeste”, diz Laura. “Finalizei com chave de ouro, vencendo a Juju, que é a atual campeã brasileira. eu acho que levei essa final pelo “gostinho” de não ter conseguido levar o título no ano ado. Quando eu mandei aquela manobra na junção, pensei: “Agora eu sei que foi melhor que a dela! Foi uma bateria muito intensa”.
A campeã também destacou a importância do Dream Tour como base para atletas que buscam competir internacionalmente. “A premiação do Dream Tour é muito boa — me ajuda a viajar pelo mundo, correr as etapas fora. E não só isso: competir em alto nível com as melhores do Brasil é essencial. O formato mulher contra mulher me ajudou muito a evoluir competitivamente. Esse circuito tá irado, e eu me sinto cada vez mais pronta”.
Com essa conquista, Laura Raupp quebra a sequência de finais invictas de Juliana dos Santos e se coloca mais uma vez como um dos principais nomes do surf feminino brasileiro.
Mormaii Somatório e High Score premiaram as melhores perfomances
Durante os seis dias de competição em Porto de Galinhas, a disputa pelo Mormaii Somatório e pelo Mormaii High Score movimentou os atletas desde o início, gerando engajamento e motivação extra a cada bateria. A galera entrou no clima, comentava as notas e celebrava cada liderança parcial. Os prêmios foram recebidos com entusiasmo pelos competidores.
No dia decisivo, os campeões também se confirmaram como os destaques técnicos do evento. Douglas Silva (PE), além de vencer a etapa, garantiu o maior somatório do dia, com 14.27 pontos, e também a maior nota individual, um 8.50 conquistado logo em sua primeira onda na grande final. Com isso, foi premiado com um par de tênis Mormaii pelo somatório e um relógio Mormaii pela nota mais alta.
No feminino, Laura Raupp (SC) venceu a etapa e também levou um par de tênis pelo Mormaii Somatório Feminino, com 12.83 pontos registrados na semifinal contra Silvana Lima. Além disso, Laura também foi responsável pela maior nota feminina do dia, marcando 8.00 pontos ainda nas quartas de final. Até a final, ela liderava a maior nota, sendo superada apenas pelo 8.50 do Dodô na bateria masculina decisiva.
Destaques técnicos da etapa
Maior somatório masculino: Rafael Venuto – 17.50
Maior somatório feminino: Silvana Lima – 14.33
Maior nota masculina: Rafael Venuto – 10.00
Maior nota feminina: Silvana Lima – 8.33
Resultados do dia final
Quartas de final Masculino
1 Michael Rodrigues (SC) 12.50 x 5.70 Vitor Ferreira (RJ)
2 Yagê Araújo (BA) 11.93 x 7.00 Rafael Venuto (CE)
3 Douglas Silva (PE) 12.23 x 11.77 Mateus Sena (RN)
4 Wesley Leite (SP) 12.20 x 11.43 Marcos Corrêa (SP)
Quartas de final Feminino
1 Silvana Lima (CE) 10.00 x 9.23 Monik Santos (PE)
2 Laura Raupp (SC) 12.33 x 6.53 Diana Cristina (PB)
3 Juliana dos Santos (CE) 10.83 x 5.57 Nathalie Martins (PR)
4 Alexia Monteiro (RS) 9.73 x 6.70 Larissa dos Santos (CE)
Semifinais Masculino
1 Yagê Araújo (BA) 12.90 x 12.63 Michael Rodrigues (SC)
2 Douglas Silva (PE) 13.20 x 6.43 Wesley Leite (SP) – com interferência
Semifinais Feminino
1 Laura Raupp (SC) 12.83 x 6.94 Silvana Lima (CE)
2 Juliana dos Santos (CE) 10.83 x 10.54 Alexia Monteiro (RS)
Final Masculino
Douglas Silva (PE) 14.27 x 6.00 Yagê Araújo (BA) – com interferência
Final Feminino
Laura Raupp (SC) 10.40 x 10.40 Juliana dos Santos (CE)
(vitória de Laura por critério de desempate: maior nota individual — 6.00)