Frequento Noronha desde 2005. Ali, fiz muitos amigos e novos membros da família, pois na ilha vive meu amigo e compadre Ramon Fleischman e meu afilhado Cauã. Desde o primeiro dia em que pisei ali, sabia que aquela relação não acabaria em uma única viagem.
aram-se 13 anos desde aquela primeira vez, inúmeras idas e despedidas, muitos tubos, pores do sol, forró do cachorro e muitos sorrisos verdadeiros. Este ano, estava com a agem comprada para o meio de março, quando vi alguns amigos se mobilizarem com o swell que atingiu a ilha no fim de fevereiro.
Logo em seguida, um big swell pintou nos gráficos para a semana seguinte. Confesso que comecei a ficar nervoso, pois a ondulação era muito grande, nunca antes vista nas águas do Norte e Nordeste brasileiro. Decidi comprar outro bilhete e depois resolver o prejuízo da agem já comprada. Não iria me perdoar se não estivesse presente naquele fenômeno natural nas águas que tanto amo.
No dia 27 de fevereiro, entrei em contato com o fotógrafo e filmmaker Filipe Cadena e alinhei a trip e a produção do material. Peguei o avião e pisei outra vez na Ilha, sendo recepcionado por Buiú Noronha e seu filho, Victor Dantas, ao qual agradeço pela hospitalidade e atenção durante a minha estadia.
Deixei as malas em casa e corri para a água. Logo no primeiro fim de tarde, me deparei com meu amigo Caia “organizando” a Cacimba ao seu estilo. Já cheguei sorrindo ao seu lado e pegamos um Canto do Morro com 5 pés perfeito e abrindo.
Mas nem tudo são flores, levei uma série de 2 metros na cabeça, que foi o cartão de visita e serviu para abrir os pulmões para o que estava por vir.
Na quinta-feira o mar já acordou nervoso, muito movimento de água. Cheguei à Cacimba na maré seca, a laje estava espumando e não havia ninguém, talvez uns 3 ou 3,5 metros nas maiores. Como meu último surfe havia sido na Indonésia em junho do ano ado, analisei, observei, rezei e fui.
Apesar de sozinho, peguei excelentes ondas. Deu para sentir a prancha e a pressão do início do swell. Saí com o sorriso de orelha a orelha. No fim da tarde, a brincadeira já não estava tão tranquila. Com a maré cheia, subindo nas pedras, o mar começou a chegar próximo do local onde os carros estacionam. Ninguém na água mais uma vez.
Comecei a me concentrar e a vontade de entrar na água não ava, porém, ter a atitude de entrar sozinho naquelas condições muitas vezes é complicado. Até que recebo uma mensagem do meu amigo de infância, Felipe Barroco, o Pio, dizendo: “Rao, acabei de chegar, como está o mar">Churrasco para finalizar mais uma trip ao paraíso.
Das dezenas de vezes que fui à Ilha, indiscutivelmente, essa foi a mais especial por vários aspectos. Aquelas viagens que lavam a alma de tanta felicidade, não apenas pelas ondas, mas por encontrar os velhos e fazer novos amigos. Já diz o refrão da música do Nando Cordel: “As amizades que Noronha faz…” e essas se arrastam para a vida. Por isso afirmo, Fernando de Noronha é a ilha dos sorrisos largos e verdadeiros.