Ele é um artista cuja trajetória ultraa as fronteiras tradicionais do surfe, mesclando
fotografia, filmmaking, curadoria e uma sensibilidade estética que reflete uma profunda
conexão com o mar e a cultura que o cerca. A história de Jair Juliano Bortoleto, nascido em
Santo André, em 12 de janeiro de 1978, começa na infância, em sua cidade natal, onde o surfe entrou na sua vida de forma natural e quase intuitiva, seduzido pelas imagens da Revista Surfer, publicada no Brasil pelo Carlos Lorch. Desde cedo, Jair Bortoleto se mostrou um observador atento, interessado não apenas na ação, mas na essência do que o surfe representa.
A sua primeira prancha, uma Local Mole 5’8, marcou o início de uma jornada que o levaria a explorar o mundo através da lente de sua câmera. Dez anos depois de surfar suas primeiras ondas em Marataízes, no Espirito Santo, Jair realizou seu sonho de visitar o Havaí, em 1998, um momento que transformou sua visão sobre o surfe e a fotografia, tornando-se uma experiência fundamental na sua formação artística. A partir daí, ou a enxergar o mar e suas ondas como uma linguagem estética, uma expressão sensível que vai além do esporte, buscando capturar a essência do oceano em suas imagens.
Sua obra artística é marcada por uma busca constante pela interseção entre luz, movimento e tempo. Como fotógrafo, Jair possui um olhar que privilegia a beleza melancólica, refletindo sua preocupação com as mudanças que ameaçam a autenticidade da cultura do surfe. Sua abordagem é purista, influenciado por mestres como Henri Cartier-Bresson e Sebastião Salgado, e inspirado por nomes da fotografia do surfe, como Andrew Kidman, Patrick Trefz e Thomas Campbell. Jair busca, acima de tudo, despertar emoções e provocar reflexões, muitas vezes usando o preto e branco como uma ferramenta de foco e intensidade.
Ao longo de sua carreira, participou de exposições em Nova York, Japão, Austrália e Brasil,
consolidando-se como uma referência internacional na arte da fotografia de surfe. Sua curadoria e seu trabalho de edição, como na revista The Surfer’s Journal Brasil e nos livros Alma Santista e A Primeira Palavra (publicado na Itália) reforçam seu compromisso com a cultura e a estética do oceano.
Além de artista, Jair é um contador de histórias, alguém que entende o surfe como uma
expressão artística e cultural, não apenas como esporte. Em 2022, Jair contribuiu com artigos exclusivos para a coluna Histórias do Surfe do Jornal A Tribuna, destacando nomes importantes do cenário cultural, como Cassio Sanchez, Nei Filho e Renato Tija.
Sua trajetória é marcada por uma constante busca por autenticidade, por uma arte que dialogue com o mar e com o tempo, sempre com um olhar sensível e uma paixão que transcende as ondas.
Essentia Flactus Imago, seu mais novo livro, representa uma síntese de sua busca
visual pela essência da imagem e da experiência de deslizar sobre as ondas. O livro será lançado no dia 28 de maio, próxima quarta-feira, a partir das 19h30, no Bar do Beco, Vila Madalena, em São Paulo.
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Coordenador de pesquisas históricas do surfe @diniziozzi – o Pardhal.