O surfe é cheio de mistérios — e poucos são tão intrigantes quanto as pranchas assimétricas. Afinal, o que exatamente é uma asym?
Por que ela tem rabeta de um jeito de um lado e de outro jeito do outro? E mais: dá para surfar de backside com uma dessas? Um regular e um goofy podem usar a mesma prancha?
Ninguém parece saber ao certo, nem mesmo os fanáticos por pranchas do Kandui Resort, nas Mentawais. Mas há um homem disposto a encontrar respostas: William Aliotti, goofy-foot de talento singular, topou surfar com um quiver completo de pranchas assimétricas desenhadas por Ryan Lovelace — shaper californiano e vencedor do
Electric Acid Surfboard Test da Stab Magazine. William botou à prova três modelos em ondas perfeitas:
Daily Driver “Satelite” – 5’8″ x 18 3/16″ x 2 7/16″ x 26L
Step Down “Zambal” – 5’6″ x 18 3/4″ x 2 1/4″ x 24L
Step Up “Shovel” – 5’6″ x 18 7/8″ x 2 3/16″ x 25L
Entre rasgadas, tubos e voos, William sentiu que algo diferente acontecia sob os pés — a prancha respondia com fluidez nos lugares certos, soltava na hora exata, mas sem perder controle. O problema? Ele não sabia exatamente por quê.
Foi aí que entrou Ryan Lovelace. Convocado para explicar sua arte em detalhes, o shaper mergulhou nas origens das pranchas assimétricas: uma proposta que busca alinhar a prancha com os movimentos naturais do corpo, ajustando a rabeta e o outline ao stance do surfista.
Ou seja, uma prancha feita sob medida para a sua base — seja goofy ou regular — favorecendo as curvas do frontside e oferecendo estabilidade no backside.
A verdade, porém, é que até Lovelace ite: “Tem coisa que só se entende sentindo.” E talvez aí esteja a magia da Asym: ela não precisa fazer sentido — basta funcionar.
A produção foi registrada com perfeição pelo time do Kandui Resort e uma tropa de cinegrafistas de peso, com filmagens aquáticas de Federico Vanno, drones de Manu Miguelez, e reforços visuais vindos de várias ilhas e resorts das Mentawais.
E no fim, ficou uma lição: às vezes, o surfe não se explica — se sente.
Fonte Kandui Resort